terça-feira, 29 de março de 2011

Morre José Alencar



Há pouco foi dada a notícia da morte do ex-presidente da República José Alencar. O ex-vice presidente enfrentou um câncer por 13 anos.

Alencar começou a trabalhar cedo, aos 14 anos, como vendedor de tecidos. Fundou a Coteminas, empresa que veio a se tornar um dos maiores conglomerados têxteis do país. Fez-se empresário bem sucedido, angariando grande fortuna.

Demonstrando vocação para a política, foi presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais por 15 anos, além de comandar a Associação Comercial de Minas e a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte.

Candidatou-se ao governo de Minas em 1994, ficando em terceiro lugar. Em 98, elegeu-se senador. O grande salto na política veio em 2002, quando compôs a chapa presidencial com Lula. A presença de José Alencar como vice tinha a missão de amenizar o receio do empresariado nacional em relação a Lula. Era a junção do grande líder operário com o grande empresário. O capital e o trabalho, enfim, unidos pelo desenvolvimento do Brasil.

A mensagem foi bem recebida. Eleito, Alencar portou-se digna e mineiramente no cargo de vice-presidente. Soube assumir seu papel de coadjuvante, mas sem deixar de dar seus recados e de mostrar seu peso. Tornou-se um contumaz crítico da política de juros do próprio governo. Em 2004, assumiu o cargo de Ministro da Defesa, ajudando a enfrentar a crise do setor aéreo. Foi um alicerce, jamais um estorvo a Lula, merecendo parte dos créditos pelas conquistas do governo.

Entretanto, não foi somente como empresário ou como político que José Alencar tornou-se figura simpática aos brasileiros, passando a ser respeitado em todo o país. Alencar ganhou a admiração nacional, sobretudo, pela luta que travou bravamente pela própria vida. Em 1997, passou por cirurgia para a retirada de tumores no rim e no estômago. De lá até o dia de hoje, disputou inúmeros embates com a doença, vencendo todos. Muitas e muitas vezes vinha a notícia, acompanhada Brasil afora, de que o vice-presidente, depois o ex-vice presidente, estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Em geral, a notícia vinha com o destaque de que o estado do paciente inspirava cuidados especiais ou, mesmo, que era grave. A cada vez que Alencar saia do hospital, as pessoas sentenciavam: “como é forte esse homem!”

A própria presidente Dilma, em seu discurso de posse, enalteceu a força, a vontade de viver deste bravo mineiro. A propósito, a própria Dilma, também mineira, passara pela angústia de um tratamento para combater um câncer no sistema linfático.

Hoje, enfim, acabou-se a luta de José Alencar. Mesmo morto, porém, não deixa de levar o respeito dos brasileiros e das brasileiras que aprenderam a admirar sua força e seu jeito mineiro – calmo, paciente – de enfrentar, por tanto tempo, o maior de todos os adversários: a morte.

Por João Quirino

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